LABORATÓRIO DE ANTROPOLOGIA

Protesto contra apagamento de grapixo em língua indígena

Em maio de 2024, em intervenção realizada no evento mensal “Café de Preto”, realizado pelo Núcleo de Presidente Prudente/SP, do NUPE, Dona Mirian, liderança comunitária do Parque Alexandrina e estudante de graduação em Geografia, abriu espaço para um protesto contra o apagamento do Mural de Grapixo do LABA.

O referido Mural foi produzido em dezembro de 2022, como um dos resultados de uma pesquisa de Iniciação Científica com bolsa PIBIC-CAPES, realizada junto ao LABA, a qual investigava a relação de apagamento da presença contemporânea indígena na região do Pontal do Paranapanema em um Museu Etnográfico e Arqueológico da nossa própria Faculdade (o Museu do CEMAArq).

O Grapixo foi escolhido como linguagem de arte de rua contemporânea que, por sua natureza periférica e seu estatuto marginalizado como crime ambiental e deslegitimado enquanto sujeira e não-arte, foi escolhida para dar suporte a um mural no qual os nomes das etnias que habitavam a região antes de serem massacradas pelo processo colonial, bem como palavras em seus idiomas originais, foram escritos para combater e tentar reverter, ainda que apenas simbolicamente, o apagamento e a exclusão da participação indígena na História da região e, também, (por quê não?) na universidade.

Apesar da originalidade da proposta e da rara articulação entre Pesquisa e Extensão, ainda mais em nível de Graduação, capaz de gerar um produto de tamanho valor, que passou a compor a paisagem do campus, poucos meses após a finalização do Mural, o mesmo foi apagado.

A Direção da Unidade junto com a Coordenação do CEMAArq, centro ao qual o LABA está vinculado, não conseguiu compreender a proposta da intervenção e, reconhecendo-a como apenas um muro pixado, entendeu que a intervenção consistia em sujeira. Uma reforma no prédio onde o LABA está localizado supostamente demandava uma nova pintura no prédio, bem como a instalação de 3 aparelhos de ar condicionado.

O Mural foi apagado.

O protesto, realizado em Maio/2024, fez questão de considerar a gravidade da ação e seu teor racista, pois sequer considerou a intervenção como uma linguagem estética legítima capaz de dialogar com uma pesquisa de Iniciação Científica e com uma ação de extensão cultural que, além de compor a paisagem do campus, também fazia parte do roteiro de visitação do Museu do Cemaarq, consistindo na única tentativa de articulação ou cruzamento do conteúdo expositivo do Museu com linguagens urbanas e no sentido de pensar a contemporaneidade dos povos indígenas.


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